Setembro 2009


Michael IJsbrand Cornelius Rogge left Holland in 1949, at the age of 20, to work for the Nederlandsch-Indische Handelsbank in Hong Kong. He spent six years in Hong Kong and moved to Japan, where he lived from 1955 to 1960. In 1961 he returned to Holland. He is now 80. He is also a photographer and filmmaker. He has documented life in the fifties in photo’s and 16mm movies. 130 video clips, mainly black and white, some colour, of his travels are on YouTube.

Michael Rogge nasceu em 1929 na Holanda. Aos 20 anos, em 1949, foi trabalhar para o banco Handelsbank em Hong Kong, território onde viveu durante 6 anos. Em 1961 voltou à Holanda. Actualmente com 80 anos, Rogger desde muito cedo registou em fotografia e filme a sua passagem pela Ásia. São dezenas de registos que merecem uma visita, em especial, este pequeno filme de cerca de 4 minutos, registado em Macau http://www.youtube.com/watch?v=SRCxnx8Q5v8
Rogger já teve a amabilidade de aceitar o meu convite para contar aqui a sua passagem por Macau nas décadas de 1950-60. Vamos ficar à espera…

Michael Rogge em Macau

O Centro Científico e Cultural de Macau (com o Museu de Macau) e a Fundação Oriente (com o Museu do Oriente) são espaços a merecer uma visita por parte de quem se interessa pela história de Macau (e não só… por toda a Ásia). Mas há mais Macau para ver por Lisboa.

Museu do Oriente

No Museu do Oriente destaque para o Centro de Documentação, Serviço Educativo e os diversos cursos e conferências que vão acontecendo. Mas este museu não se esgota em Macau…
“O Museu do Oriente define-se como uma unidade museológica permanente, aberta ao público, tutelada pela Fundação Oriente, tendo por missão a valorização dos testemunhos quer da presença portuguesa na Ásia quer das distintas culturas asiáticas.
Trata-se de um museu de âmbito territorial internacional e de carácter transdisciplinar, que procura, através do cruzamento de pontos de vista emergentes dos campos temáticos da História, da Arte e da Antropologia, proporcionar aos Portugueses e aos que nos visitam uma memória viva e actuante das culturas asiáticas e da relação secular que foi estabelecida entre o Oriente e o Ocidente, principalmente através de Portugal.
A esses campos temáticos corresponde um diversificado património cultural de interesse histórico, artístico, documental, etnográfico e antropológico relacionado tanto com a cultura popular e as religiões orientais como com os mais variados aspectos da presença portuguesa na Ásia ao longo de cinco séculos. “
O Museu do Oriente fica na Avenida Brasília, Doca de Alcântara, em Lisboa.

Museu de Macau

O único Museu histórico-cultural sobre Macau existente fora da República Popular da China bem como, uma singular colecção de Arte Chinesa.
“O Museu com recurso a modernas e dinâmicas linguagens, didácticas e interactivas, apoia-se nas mais modernas tecnologias para captar a atenção dos mais jovens e do público em geral. Visa divulgar a condição essencial de Macau enquanto ponto de encontro por excelência de Portugal e da Europa com a China. Procura, ao mesmo tempo, acentuar a importância da milenar herança da civilização chinesa.”
O Museu de Macau (tb com serviço educativo) fica na Rua Junqueira, nº 30, Lisboa. Nas imediações está acessível uma excelente biblioteca.

Antiga Missão de Macau

Também a Delegação Económica e Comercial de Macau (antiga Missão de Macau), na Av. 5 de Outubro, em Lisboa, tem uma livraria junto à delegação de turismo, com um vasto espólio do mercado editorial nacional e internacionalm com especial destaque para o que edita por Macau.

Por último, uma referência à Casa de Macau em Lisboa (av. Gago Coutinho).

Com a chancela do IPOR (Macau) e da Fundação Oriente, este livro da autoria de Jin Guo Ping e Wu Zhiliang sobre as origens de Macau e os interesses sino-portugueses para a fundação do enclave apresenta uma nova explicação sobre a presença portuguesa: Cantão aceitou os portugueses na China porque estes eram militarmente superiores. E que não se fale mais em subornos ou piratas, defendem os autores.

Temas abordados nestas edição do final de 2007:
Os impactos da conquista de Malaca em relação à China quinhentista: propostas para uma periodização da História Moderna da China. Tamão portuguesa descoberta. Uma embaixada com dois embaixadores: novos dados orientais sobre Tomé Pires e Hoja Yasan. A canibalização dos Portugueses e o seu significado nas relações luso-chinesas das dinastias Ming e Qing. A Deusa A-má, o topónimo Macau e as suas variantes. Razões palacianas na origem de Macau. Tentativas de uma nova abordagem às origens históricas da presença portuguesa em Macau. Desmistificando a “Lenda de Macau”. A primeira crónica de viagem sobre Macau. A propósito do primeiro procurador do Senado de Macau. Qual teria sido o verdadeiro motivo do vice-rei de Cantão Chen Rui para onvocar os Portugueses de Macau?. O significado de ‘xiang (âmbar cinzento)’ e ‘yan (ópio)’ na História de Macau. O papel que Macau tem desempenhado na História Moderna e Contemporânea da China.
Macau foi um território que sempre seduziu os portugueses desde que nele se estabeleceram cerca de 1555-1557, até que passou para a administração chinesa. Desde que tal aconteceu tem vindo a diminuir o interesse pela cidade do rio das Pérolas, à qual, contudo, nos continuam a prender elos históricos, que motivam que, de tempos a tempos, surjam trabalhos pontuais do maior relevo que nos permitem conhecer melhor o que foi o seu passado.
Tal é o caso deste livro, no qual se aborda um período recente da História de Macau, correspondendo às duas décadas que vão desde a chegada dos comunistas ao poder na China, em 1949, até 1979. O autor explica, de uma forma refrescante, o que foram os meandros das relações entre uma China, em transformação para um alegado «comunismo», e um pequeno país sob um regime ditatorial cujos governantes teimaram, até 1974, em manter a sua herança colonial. Estamos perante um livro fascinante num estilo que não é muito vulgar em Portugal, pois mistura uma fina análise científica com uma apresentação quase romanesca, tornando esta obra de leitura agradável.
Numa primeira fase Moisés Silva Fernandes aborda a evolução das relações sino-portuguesas entre 1949 e 1966 explicando como num tempo muito conturbado e marcado pela chamada «Guerra fria», as autoridades de Pequim decidiram manter o status quo existente. O autor mostra como se procedeu a uma colisão de interesses entre a eleite tradicional chinesa de Macau e a administração portuguesa, exemplificando tal situação com as actuações de muitas figuras bem identificadas e dando muitos detalhes, nomeadamente relativos a conflitos pontuais que não perturbam o grande interesse que a China tinha por Macau. Com efeito, a partir desta cidade conseguia-se balanças comerciais favoráveis a Pequim, graças às exportações. Entre os muitos motivos de interesse que o leitor pode encontrar nestas páginas podem apontar-se, a título de exemplo pitoresco, as formas como se processava o tráfico de estupefacientes chineses, o comércio de ouro e se organizava um centro de espionagem e placa giratória para agentes chineses.
Texto de José Manuel Garcia
Autor: Moisés Silva Fernandes – Edição do Instituto de Ciências Sociais em 2006

Largo do Senado em Junho de 1949

Nasce em Olhão em 16-03-1878. Aos 19 anos ingressa na Escola Naval, 1897, e em 1900 é promovido a guarda marinha , navegando entre Angola , S. Tomé e Cabo Verde, até à passagem a 2º ten. sendo destacado para a canhoneira Diu e depois para o cruzador Vasco da Gama estacionados em Macau, regressando ao reino em 1905 , voltando ao Oriente para a canhoneira “Rio Lima” , após a sua especialização em Oficial Torpedeiro.
Em 1907 ingressa na maçonaria. Na madrugada de 4 de Outubro de 1910 assaltou, com os camaradas Ladislau Parreira e Sousa Dias, e inúmeros civis , o quartel de marinheiros e intimou o Almirante Pereira Viana a render-se, o que não aconteceu porque este brilhante Oficial defendeu-se a tiro , acabando ferido. Tomado o quartel foi assaltar o cruzador “D. Carlos”, comandado pelo cap.m.g. Álvaro Ferreira , que também se defendeu a tiro.
A 18 de novembro de 1910 é promovido a Capitão-Tenente por distinção. Comandou o S. Gabriel e foi capitão de porto de Portimão.
A 10 de Junho de 1914 é nomeado Governador de Macau, sendo exonerado em Setembro de 1916. Passado um ano é promovido a Cap.Fragata e, apoiando Sidónio Pais, é nomeado Comandante da Divisão Naval e vê anulado o despacho da sua exoneração do governo de Macau(!). É nomeado Presidente da Câmara Municipal de Lisboa , substituindo o seu camarada, e futuro 1º Ministro , Alfredo Rodrigues Gaspar.
Assim chega a Ministro, o que dura 6 meses. Em 23 de Janeiro de 1919 tem um importante papel na coordenação das forças republicanas contra a revolta monárquica em Monsanto. Tomou conta ainda da pasta das colónias(27-01-1919/21-03-1919) , antecedendo João Lopes Soares (Pai do Dr. Mário Soares).
Em 19 de Outubro de 1921 (noite sangrenta) é brutalmente assassinado ( igualmente o foi Machado Santos) , quando já se encontrava totalmente fora da política activa.
Assumiu o cargo de governador de Macau a 10 de Junho de 1914 (na imagem à chegada a Hong Kong).
Tamagnini Barbosa com Camilo Pessanha O governador do centro (a circunstância e as pessoas ao lado não consigo identifiocar)

Funeral de Tamagnini Barbosa 10-7-1940

“1926 -Situação Geral de Macau:
Macau tem cerca de 160 mil almas, a maioria chinesa, o mesmo sucedendo nas Ilhas de Taipa e Coloane, com 10 mil habitantes. Nesta década de vida tão agitada a nível mundial, Macau continua pacatamente a sua administração, que compreende o Concelho de Macau e o Comando Militar da Taipa e Coloane. E sede da mais antiga Diocese do Extremo-Oriente que tem jurisdição sobre as Missões de Heang-Shan, Shiu-Hing (na China), Malaca e Singapura (em territórios ingleses), Timor e naturalmente Macau e Ilhas, tudo constituindo o Padroado do Oriente.O ensino é ministrado em numerosas escolas de instrução primária, no Seminário, na Escola Comercial e no Liceu central. Os dois Tribunais encarregados da Justiça estão afectos à Relação de Goa. Hong-Kong e Shanghai têm importantes colónias de macaenses que buscam ali meio de vida (escasso para a classe média no pequeno território de Macau). O mundo do negócio encontra-se quase exclusivamente controlado por chineses e a sua actividade liga-se com a pesca e seus derivados, a construção naval, o fabrico de cimento, a preparação do ópio e manipulação do tabaco, o vinho chinês, os tradicionais panchões e pivetes, etc.. Macau anseia a conclusão das obras do novo porto, ainda em curso, na esperança de reaver parte do significativo comércio que se concentrara em Hong-Kong desde 1841. Começa em Macau a urbanização sistemática das colinas. O território, desenvolvido pelos indesmentíveis encantos de Macau, é beneficiado com a construção do Campo de Corridas de Cavalos, inaugurado em Março deste mesmo ano.
Entusiasta do Estado Novo, Tamagnini Barbosa, acabaria por ser demitido por Salazar. O curioso é que o governador nunca chegou a receber o telegrama, pois falaeceu antes… no Palácio do Governo.
Há uma lenda que diz que de noite o fantasma do Governador percorre o Palácio. Tamagnini Barbosa foi o último governador de Macau a residir no Palácio da Praia Grande. Depois disso a residência oficial dos governadores passou a ser o Palacete de Santa Sancha.

Bairro Tamagnini Barbosa

PS: a vida de Artur Tamagnini Barbosa dava um livro e diversos post’s aqui no blog

Manuel Firmino de Almeida magalhães foi foi governador de Macau entre Outubro de 1925 e Dezembro de 1926.
Oficial de Cavalaria, Manuel Firmino de Almeida Maia Magalhães (1881-1932), nasceu em Aveiro. Maçon, contribuiu para a preparação da participação portuguesa na I Guerra Mundial, integrando o C. E. P. em 1917. Em 1921 foi chefe do Estado-maior da 1.ª Divisão, cargo que exerceu intermitentemente até ser exonerado em Setembro de 1924. Em 1925 foi nomeado governador de Macau e, em 1926, integrou a Comissão para o Estudo da Campanha Militar do Norte em Moçambique. Foi director dos Serviços Cartográficos do Exército (1927-32) e em 1931 foi preso conjuntamente com um grupo de oficiais envolvidos na Revolta da Madeira, que o regime temia se alastrasse ao continente, vindo a falecer no ano seguinte.

Foi um dos governadores que mais tempo governou Macau (1851-1863). Curiosamente, só teve direito a uma rua, a Rua do Guimarães. Felizmente, temos o dicionário da História de Portugal para perceber um pouco mais.
Guimarães Júnior, Isidoro Francisco (1808-1883) Visconde da Praia Grande de Macau, desde 1862. Maçon. Oficial da marinha. Governador de Macau, de 1851 a 1863. Ministro de Portugal no Japão, Sião e China, em 1859. Ministro da Marinha e Ultramar, no governo da fusão, encabeçado por Joaquim António de Aguiar (o mata frades), desde 4 de Setembro de 1865, falecendo no exercício destas suas funções.
1865 Setembro Isidoro Francisco Guimarães, visconde da Praia Grande de Macau, na pasta da guerra, por morte do conde de Torres Novas (será interino até 11 de Novembro de 1865 e efectivo até 22 de Novembro de 1865).
Foi durante o seu mandato como governador que o jogo foi legalizado e regulamentado.
Em quase 450 anos de presença portuguesa em Macau, quase todos os governadores foram militares. As quatro excepções foram: Rodrigo Rodrigues, Tamagnini Barbosa, Pinto Machado e Carlos Melancia.
Ao longo das muitas centenas de post’s já me referi a todos eles. Deixo aqui mais alguns pormenores. Pinto Machado é o que se pode considerar um erro de casting. Governou Macau menos de um ano. Médico e professor não deixou marcas.
Artur Tamagnini Barbosa é o oposto, não só porque foi Governador por três vezes. E foi o único a morrer no posto. Curioso é também o facto de ter sido demitido do cargo por Salazar, mas quando a ordem chegou a Macau já o Governador tinha falecido.
Rodrigo Rodrigues foi o o governador preferido do Monsenhor Manuel Teixeira. Carlos Melancia: a história é recente.
O tenente inglês John Elliot Bingham participa na Guerra do Ópio a bordo da corveta HMS Modeste e permanece em Macau durante a mesma altura que o famoso capitão Charles Elliot. Bingham entra ao serviço da Marinha inglesa em 1820 e é promovido a comandante em 1841, sendo autor da obra Narrative of the Expedition to China from the Commencent of the War to its Termination in 1842 with Sketches of the Manners and Customs of that Singular and Hitherto Almost Unknown Country (2 vols., 1841) que descreve a captura de Cantão e inúmeras batalhas navais, bem como, no capítulo 4, Macau, onde o militar inglês permanece algum tempo.
O autor começa por descrever a posição geográfica da península, a chegada dos portugueses à mesma e o seu estabelecimento, sobretudo a construção da muralha das Portas do Cerco. O viajante, contextualizando um dos episódios bélicos entre ingleses e chineses, afirma que a Taipa e os restantes ancoradouros do território foram, até aos conflitos sino-britânicos, considerados neutrais, e descreve o uso que os chineses fazem do enclave durante a Guerra do Ópio. São ainda descritos o poder e a vigilância dos chineses (Mandarim da Casa Branca) na cidade, podendo os portugueses apenas governar os seus compatriotas e os demais residentes ocidentais através do governador e do Senado, cujas funções, direitos e deveres são igualmente apresentados. As casas, algumas das quais ao longo da “Praya Grande”, são descritas como robustas, cobertas de cimento branco, ladeadas por estreitas ruas com pavimentos horríveis, perguntando-se o viajante: “Em que outra cidade portuguesa não é assim?”.
A urbe é considerada a mais europeia do Oriente português, contando com cinco fortes inexpugnáveis e treze igrejas onde reina o fanatismo dos padres, tratando-se de um olhar protestante sobre Macau que descreve igualmente o espaço chinês, com o seu confuso labirinto de vielas em que se acumulam uma corrente de comerciantes e compradores.Os passeios a pé e a cavalo dos ingleses, o comércio decadente, as rendas elevadas cobradas aos estrangeiros são também referidos, bem como a população (trinta e cinco mil habitantes, dos quais apenas cinco mil são súbditos portugueses, que se casam com chinesas), concluindo o visitante que o comércio de Macau beneficiou com a Guerra do Ópio, pois os vendedores de Cantão abriram lojas no enclave: “O novo estabelecimento de Hong Kong, em crescimento, retirará brevemente a Macau a sua última esperança comercial, e a cidade tornar-se-á apenas uma recordação daquilo que já foi.”Bingham transcreve ainda frases em Chinese Pidgin English proferidas por comerciantes chineses (“Can sendee, then catchee tolha”), adensando assim a cor local da sua descrição através do registo linguístico. Entre muitos outros militares referidos pelo viajante, encontra-se o capitão Sir Edward Belcher (1799-1877), comandante de uma expedição da Marinha Real inglesa ao Sul da China em Dezembro de 1840, durante a Guerra do Ópio.
Já após a fundação de Hong Kong, as tripulações inglesas descansam em Macau, que serve de “hospital” e local de descanso para os residentes ingleses de Hong Kong, pois, como Bingham afirma na sua narrativa, fora alugado na cidade um edifício amplo para ser convertido em hospital naval, existindo ainda um outro hospital financiado por subscrição pública da Medical Missionary Society e que assiste ocidentais e chineses. Dignos de menção são ainda as várias construções do Templo de A-Má e a Gruta de Camões, visitados por todos os estrangeiros, sendo o aspecto deste último monumento criticado e longamente descrito. Breves apontamentos etnográficos familiarizam ainda o leitor/futuro visitante com a cultura das tancareiras (caso o primeiro queira fazer um passeio fluvial marcado pela presença feminina), com o Ano Novo Chinês, com o vestuário dos nativos, o jogo, o teatro chinês, os guarda-nocturnos, os diversos vendedores ambulantes, os produtos comercializados e as formas de os vender, os pedintes e os malabaristas que constituem o quadro humano descrito e que marcam presença em muitas outras descrições inglesas de Macau.
Texto de Rogério Puga no jornal Hoje Macau 23-06-2009

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