Num discurso proferido a 20 de Outubro de 1940 aos Governadores civis, às comissões distritais da União Nacional e aos candidatos a deputados, Salazar expressava a sua preocupação sobre a subida ao poder do Partido Comunista chinês: (…) Macau não é um exmeplod e conquista ou domínio militar; é um padrão do primeiro contacto da Europa com o Oriente, respeitado historicamente como um símbolo de possibilidade de compreensão e de amizade entre raças diferentes. Ali se juntam, ali se fundem, ali cooperam em paz e no respeito mútuo. Não pode prever-se qual o comportamento da snovas autoridades nem as suas intenções para o futuro imediato. (…)”
Na prática, entre 1949 e 1950, cerca de 6 mil militares foram enviados para Macau a fim de reforçar a guarnição militar.

Legenda: António de Oliveira Salazar na década de 1940 – foto da Bernard Hoffman (Life)

Mesmo antes de tomar o poder na china em 1949, o PC chinês reforçou a sua influência na sociedade de Macau e instituiu um “alto comissariado e governo sombra” chinês. As direcções da Associação Comercial e da Associação de Beneficiência do Hospital Jinghu passaram a ser presididas por He Xian (Ho Hin) e a serem constituída sna sua maioria por quadros do PC chinês. Ao mesmo tempo, foi criada a 28 de Agosto de 1949 a Sociedade Comerical Naguang (Nam Kwong) pelo Ministério do Comércio. O objectivo era influenciar a vida económica de Macau (e mais tarde furar o embargo comercial a que a China foi submetida). O pretexto oficial era o incrementar das relações comerciais entre Macau e a República Popular da China.
Legenda: Arco Monumental Comemorativo do Dia Nacional da Nam Kwong – 1961 – Rua do Almirante Sérgio – Foto de Ou Ping
Leal Senado ca. 1903

O Leal Senado foi criado em 1583 quando Macau foi elevada à categoria de cidade. O primeiro edifício terá tido um só piso, com alpendre e situado dentro de um espaço murado. Foi posteriormente substituído por um novo edifício. O projecto de 1784 é da autoria do padre frei Patrício de S. José. Chama-se “Casa do Senado” e tem dois pisos. Um século depois um tufão afecta severamente o edifício seguindo-se uma reconstrução que dura dois anos e é feita, claro, ao gosto da época: “a porta principal e as três janelas centrais do 1º andar, dando para a varanda gradeada, eram encimados por arcos de volta perfeita; as restantes janelas eram rectas, terminando as superiores com pequenos frontões.”

A expressão “leal” só terá surgido depois de 1640… no pós restauração e deve-se ao facto do governo local nunca se ter subjugado ao domínio filipino em Portugal. Daí a expressão “cidade do nome de deus não há outra mais leal”… que já advém de uma outra “cidade do santo nome de deus na china”…

A estátua do herói Macaense do Forte de Passaleão, Coronel Vicente Nicolau de Mesquita (este frente ao Leal Senado 24-6-1940- Dezembro 1966) encontra-se à guarda dos Comandos de Portugal no Porto.
Já a estátua de bronze do Governador de Macau (frente ao Hotel Lisboa/Ponte Nobre de Carvalho desde 24-6-1940 ), que acabou de ser trazida para Portugal cerca de 1991, poderá ser vista na alameda do jardim do Bairro de Encarnação em Lisboa.

“A pátria honrai que a pátria vos contempla”… É esta a frase inscrita na Porta do Cerco… o lema da marinha de guerra portuguesa. *
Esta não é a origjnal Porta do Cerco construída pelos chineses, mas antes a que resultou de uma disputa militar que teve lugar em 1849. Do incidente resultou a criação de uma zona neutra, uma espécie de zona-tampão entre os dois postos fronteireiços (entre esta porta e o passaleão).
Li em várias fontes que existia na ‘porta’ chinesa uma inscrição em mandarim que rezava assim: “Temam a nossa grandeza e respeitem a nossa virtude”. Nunca vi nenhuma imagem que o documentasse. Mas faz sentido que existisse… (terá de ficar para outro post).
A sua configuração actual remonta a 1871 quando o Governo procedeu a algumas alterações para homenagear os feitos heróicos do Governador Ferreira do Amaral (* era fuzileiro da marinha) e do Coronel Mesquita. Neste arco, estão gravadas (à direita e à esquerda) as datas do assassínio do Governador (22 de Agosto de 1849) e da Batalha do Passaleão (25 de Agosto de 1849).

Em 1574 foi levantada a Porta do Cerco. Os chineses receavam que os portugueses saqueassem o seu território e resolveram defender-se. era aberta duas vezes por mês para que se procedesse à entrada e saída de bens. Tinha na sua parte superior residências para os guardas chineses. Anos mais tarde ruiu e foi reconstruída em 1674 ficando as residências num adifício anexo.
É aqui, nesta fronteira, que Macau se liga à China… por um cordão umbilical… o istmo da península. Até à década de 1980 passava-se literalmente por baixo deste arco para passar a fronteira. Hoje já não. O arco ainda existe é é considerado Património Mundial da Unesco.(post a actualizar futuramente)

Dada a pobreza das instalações para o Governo o Governador Isidoro Francisco Guimarães (Visconde da Praia Grande) mandou, em 1851, construir um palácio na Av. da Praia Grande, em frente do Fortim de S. Pedro. Era um edifício de dois pisos bastante extenso. Em 1872 foi-lhe acrescentado, bem ao gosto da época, um persitilo saliente na parte central do edifício, com arcada, a que se sobrepunha uma varanda com balaustrada e colunas suportando a respectiva cobertura.

Devido à forte seca que assolou a região, entre Novembro de 1958 e Março de 1959, Macau importou água potável da China e impôs o seu racionamento…

A 27 de Novembro de 1891 o Conselheiro Artur Tamagnini de Abreu da Mota Barbosa, inspector da Fazenda e pai do Governador Artur Tamagnini Barbosa sugeriu a fundação da Imprensa Nacional (Processo n.º 162, de 27-11-1891, da Secretaria-Geral do Governo). A fundação acabou por acontecer a 16 de Novembro de 1900… e nos primeiros 53 anos andou por diversas moradas: 1901 – n.º 3 da Travessa do Bom Jesus; antiga Fábrica do Ópio, na Rua da Alfândega. 1910 – travessa do P.e. Narciso. Rua do Hospital, num edifício, hoje demolido, contíguo ao Hospital de S. Rafael. Rua de Inácio Baptista. 1920 – reformulação dos serviços; Duas tentativas frustradas para se instalar a Imprensa Oficial: 1927 Na Travessa do Paiva, em frente ao Palácio do Governo, onde hoje fica o Centro de Informação e Turismo, foi construído um edifício destinado à Imprensa, mas quando se tentou instalar a maquinaria, verificou-se que esta não cabia nas portas ou nas janelas. De seguida foi comprado o edifício onde até há pouco funcionava a repartição das Obras Públicas, mas o Director das OP transferiu a sua repartição do Jardim de Camões para o novo edifício e a Imprensa foi ocupar o edifício das O.P. no Jardim Camões.
Legenda: edifício inaugurado a 28 de Janeiro de 1954; a rua chamava-se Rua dos Prazeres mas passou a ser designada por Rua da Imprensa Nacional desde esse ano.

Nascido em Freixo de Espada à Cinta em 1924, após a conclusão da instrução primária na sua terra natal, partiu para Macau, onde ingressou no Seminário de S. José. “Cheguei a Macau, numa segunda-feira, 27 de Outubro de 1924, vindo de Hong Kong no vapor Sui-Tai.”
Passou a maior parte da vida em Macau onde se tornou uma espécie de historiador oficioso. A sua obra – mais de uma centena de títulos – está traduzida em várias línguas e é imprenscindível a todos quantos pretendam estudar a história da presença portuguesa em Macau.
Regressou a Portugal a 16 de Maio de 2001 e viria a falecer a 15 de Setembro de 2003 em Chaves. A sua vida dava um filme!
“O homem é pó, a fama é fumo e o fim é cinza (…) só os meus livros permanecerão (…) e essa é a minha consolação!” disse um dia…